Aos 14 anos, Reinaldo jogava no Pontenovense. Em 7 de setembro de 1971, o juvenil do Atlético, comandado por Barbatana, esteve em Ponte Nova para um amistoso. Reinaldo não jogou porque estava participando do desfile de Independência como ciclista. Mas Barbatana estava na cidade também com o interesse de levar um novo jogador para o Atlético. Foi quando soube de Reinaldo: um menino que era um fenômeno e o irmão queria que ele fosse jogar no Botafogo, mas era muito novo. Barbatana assistiu a um jogo de Reinaldo e assim que o viu em campo percebeu que não podia esperar o garoto crescer para trazê-lo para o Atlético e foi logo conversar com os pais do menino para autorizarem a vinda dele para BH. "Desde pequeno eu infernizava a vida dos zagueiros e goleiros. Tinha o apelido de Kaburé e, quando me viram jogar, logo convenceram meus pais de que eu deveria vir para o Atlético." Naquele mesmo dia, Reinaldo estava a caminho da sede alvinegra espremido no fusquinha de Barbatana.Nessa época, eram comuns treinos do Juvenil contra o profissional, que era o time Campeão Brasileiro de 71 e tinha como técnico Telê Santana. Reinaldo esperou no banco e entrou em campo no 2º tempo. Ele era tranquilo para jogar e se preocupava apenas com a bola, que parecia responder ao seus comandos. Ele driblou jogadores como Dadá, Humberto Ramos, Oldair e Vantuir.
“(...) Reinaldo entrou e aplicou dribles desconcertantes numa das melhores – e mais leais – zagas da história do alvinegro: Grapete e Vantuir. Deu passes perfeitos, se movimentou e fez gol. Da beirada do campo, Telê e Barbatana assistiam perplexos àquilo tudo” (GALUPPO, 2003: 132)
Enquanto não tinha idade para jogar no profissional, Reinaldo ia para onde precisavam dele fosse no juvenil, infanto e dente-de-leite. Ganhava prêmios como melhor jogador em quase todas as partidas e recebeu o apelido baby-craque de Roberto Drummond. Os pais de Reinaldo se preocupavam com a vida escolar dele, mas mesmo com muitas faltas ele conseguiu terminar o colégio e passar no vestibular para Comunicação Social.
Finalmente, Reinaldo começou a jogar no time profissional do Atlético em 1973. Tinha apenas 16 anos e foi eleito revelação de 1973 pela crônica esportiva mineira. Mas em 1974, Reinaldo começou a ter problemas no joelho. De acordo com ele, tudo foi conseqüência de um buraco no campo que pisou e teve torção no joelho esquerdo. Passou por uma cirurgia logo em seguida e teve o menisco interno extraído. Com Paulo isidoro formou uma grande dupla no ataque alvinegro.
Reinaldo já era considerado o rei da torcida atleticana. E rei que é rei não perde a majestade jamais. Estava no auge da carreira de jogador quando passou pela primeira cirurgia de um total de nove.
Como era muito talentoso também sofreu com as agressões dos zagueiros adversários que sempre batiam no seu joelho. Aos poucos Reinaldo tentava resistir à dor para brilhar em campo ao som da torcida alvinegra: “Rei, Rei, Rei! Reinaldo é nosso rei!” E não decepcionava! Suas jogadas sempre impressionavam e deixavam os zagueiros sem reação diante dele, porque era impossível prever o que aquele garoto faria. Como o próprio Telê Santana falou em entrevista:
“E ele ia ficando cada vez mais habilidoso, ao longo dos anos. Com sua habilidade não sei se existiu algum... O único jeito de pará-lo, infelizmente era com a violência! E como ele foi caçado.” (VIANNA, 1998: 42)
Segundo o cronista Roberto Drumond, "Ele não é um Tostão mas pensa como ele; não é um Ademir da Guia, mas tem sua elegância; não é um Gérson, mas mostra a mesma categoria; não é um Dario, mas seus gols fazem a massa vibrar com a mesma intensidade. Reinaldo é Reinaldo."
Em 1977, foi considerado o maior jogador de Minas Gerais. Reinaldo era a alegria dos atleticanos, o rei da massa. O menino simples, que se inspirou em Pelé e Garrincha, saiu do interior de Minas e chegou à Seleção em 1978. Na época, Reinaldo fazia exercícios com um aparelho importado, mas durante a Copa diminuiu os exercícios e usava sempre uma faixa no joelho, a qual escondia até do colega de quarto. Jogou apenas três jogos pela Seleção e depois da Copa foi fazer nova cirurgia nos Estados Unidos. Ficou um ano sem jogar e para comemorar o retorno do rei, o Atlético marcou um amistoso com o Santos no Mineirão. Antes da partida todas as luzes foram apagadas e a torcida acendeu isqueiros para iluminar a volta do Rei.
O entendimento de Reinaldo, Cerezo e cia. vinha desde os tempos de juniores, e o técnico, Barbatana, os treinava à exaustão.
Problemas com o Joelho
Seus joelhos sempre foram um peso para que Reinaldo desse continuidade a seu futebol espetacular. Atacante de grande destaque, tornou seus joelhos alvos preferidos dos zagueiros adversários. Reinaldo praticamente pulou das Categorias de Base para os profissionais e não teve tempo de aprender as malícias da posição. E pagou caro pela sua competência. Por estes problemas, Reinaldo deixou de ser convocado para vários amistosos da Seleção Brasileira na época. Como em 1982, que após ser convocado, seus prolemas no joelho voltaram a lhe causar preocupação e foi cortado da escalação. Em operações sucessivas, Reinaldo sofreu duas intervenções cirúrgicas no joelho esquerdo. Extraiu, na primeira, o menisco interno; na segunda, o externo. Nestas ocasiões foi operado pelo médico Abdo Arges. Logo depois, pelo médico Neylor Lasmar, foram retirados os outros dois meniscos. Com isso, Reinaldo era obrigado a treinar todos os dias sem folga, pois seus músculos podiam tender à atrofia, se parados. Porém, os problemas voltaram a aparecer e Reinaldo foi encaminhado a fazer uma cirurgia no Lenox Hill Hospital, em Nova Iorque, Estados Unidos. Confiando no sucesso da operação, os gastos da viagem foram todos pagos pelo Clube Atlético Mineiro, cerca de quatrocentos mil cruzeiros. Nesta viagem, embarcaram também o então Presidente do Atlético, Valmir Pereira da Silva, o Dr. Neylor Lasmar, a mãe de Reinaldo, Dona Célia, e um dirigente do clube. A cirurgia foi realizada no dia 2 de agosto de 1978 pelo médico James Nicholas, na época, a maior autoridade mundial em Ortopedia Esportiva. Depois de um longo período de recuperação, Reinaldo, de volta ao Brasil, buscou ajuda na religião, na parapsicologia e até no espiritismo, para que acabassem os problemas com seu joelho. Após passagem pela Seleção Brasileira, sofreu dois derrames consecutivos no joelho. Sua musculatura estava perfeita, embora não aguentasse mais as pancadas. A esse ponto, a carreira de Reinaldo já demonstrava sinais que seria curta.
Após o período de recuperação, as cobranças em cima de Reinaldo aumentaram cada vez mais. Todos queriam seus gols magníficos de volta. O Rei já estava bom no ponto de vista médico, porém voltar a jogar normalmente foi algo bastante demorado. E essa cobrança virou dúvida sobre a qualidade de seu futebol para os torcedores e os dirigentes de futebol. A cobrança pela falta de gols e das maravilhosas jogadas que o consagraram veio principalmente por parte da diretoria atleticana. Reinaldo treinava exaustivamente e já se sentia desanimado.
Sem parar com os treinos, aos poucos Reinaldo foi recuperando a beleza e a eficiência de seu futebol, voltando a ser ídolo. Mas já não era um ídolo como antes. Não dava muita importância a distribuir autógrafos e justificava: "O negócio é que eu não quero mais ser consumido como jogador famoso." E despertou seu interesse em atuar em outros clubes. Apesar desse discurso, Reinaldo havia recuperado seu futebol, e todos o queriam de volta na Seleção. A convocação não vinha e a massa atleticana então resolveu fazer uma passeata em pleno centro de Belo Horizonte, carregando o Rei nos ombros, exigindo sua volta à Seleção.
Em entrevista à Revista Placar de 15 de julho de 1984, Reinaldo afirmou não ter ído à Copa do Mundo de 82 pelo fato do então técnico da Seleção, Telê Santana, acreditar que ele estivesse tendo relações sexuais com homossexuais. "Se fosse verdade, seria problema meu. Eu nada tenho contra o homossexualismo, mas meu lance é outro." disse o Rei. Reinaldo lutou contra as dores que sentia no joelho, mas a medicina ainda não era tão avançada para mantê-lo em campo alegrando a massa atleticana. "Não tenho mais os quatro meniscos, mas também não tenho mais debilidades físicas. Meus joelhos são exatamente iguais aos do campeão mundial Paolo Rossi." Devido a esses problemas, sua carreira no futebol foi curta mas inesquecível.
O Gol que valeu uma Placa
Na partida Atlético 6 x 0 América-RN, válida pelo Campeonato Brasileiro de 1977, Reinaldo tabelou com Cerezo e recebeu a bola na entrada da área. Com um balanço de corpo, deixou a bola passar e levou o beque. Sem encostar na bola, Reinaldo tirou o goleiro do gol e tocou por cima dele, cobrindo-o espetacularmente de fora da área marcando o gol. O ex-goleiro e comentarista da Rádio Itatiaia na época, Kafunga, ficou tão maravilhado que mandou fazer uma placa homenageando o gol, hoje afixada no hall de entrada do estádio Mineirão
Ficha Técnica
Nome: José Reinaldo de Lima
Posição: Atacante
Data de Nascimento: 11 de janeiro de 1957
Naturalidade: Ponte Nova-MG
Posição: Atacante
Data de Nascimento: 11 de janeiro de 1957
Naturalidade: Ponte Nova-MG
Carreira como jogador
Contrato na CBF: 053703/83
Atlético - 1973/1985
Palmeiras-SP - 1986
Rio Negro-AM - 1987
Cruzeiro-MG - 1988
BK Häcken-SUE - 1988
Telstar-HOL - 1988
Palmeiras-SP - 1986
Rio Negro-AM - 1987
Cruzeiro-MG - 1988
BK Häcken-SUE - 1988
Telstar-HOL - 1988